Entendendo os Níveis de Suporte para Pessoas com Autismo e a Transição para o CID-11
Por jornalista/professor: Sérgio Pinheiro
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica e de desenvolvimento que afeta a maneira como uma pessoa percebe e socializa com os outros, levando a desafios na interação social e comunicação. Uma característica importante do TEA é a ampla gama de sintomas e habilidades que as pessoas podem apresentar. Para ajudar a entender melhor as necessidades individuais, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) classifica o autismo em três níveis de suporte. Cada nível reflete a quantidade de apoio que a pessoa pode precisar para funcionar no dia a dia.
Nível 1: Suporte Necessário
Indivíduos neste nível geralmente têm habilidades verbais e podem manter uma conversa. No entanto, eles podem achar difícil iniciar interações sociais ou manter o interesse em uma conversa. Esses indivíduos podem precisar de apoio para organizar suas tarefas diárias e lidar com mudanças inesperadas na rotina. Embora possam viver de forma relativamente independente, um pouco de suporte é necessário para ajudá-los a navegar em situações sociais e administrativas.
Nível 2: Suporte Substancial
Pessoas que se enquadram no nível 2 do espectro autista precisam de suporte mais significativo. Elas podem ter habilidades verbais limitadas e dificuldades notáveis em se comunicar de forma eficaz. A interação social pode ser um desafio, e elas podem se sentir desconfortáveis em ambientes sociais. Além disso, essas pessoas podem ter interesses restritos e comportamentos repetitivos que interferem em suas atividades diárias. O suporte pode incluir ajuda com a comunicação, planejamento de atividades e adaptação a mudanças.
Nível 3: Suporte Muito Substancial
O nível 3 é o mais alto em termos de necessidade de suporte. Indivíduos neste nível geralmente apresentam dificuldades graves na comunicação verbal e não verbal. Eles podem não iniciar interações sociais e, quando o fazem, a comunicação é muitas vezes limitada a necessidades básicas. As pessoas neste nível podem ter comportamentos repetitivos e interesses restritos que afetam significativamente seu funcionamento diário. O apoio intensivo é essencial, incluindo assistência constante em atividades diárias, comunicação e gerenciamento de comportamentos.
A Transição para o CID-11
Com a chegada da 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que foi desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma atualização significativa na forma como o autismo é classificado. O CID-11 introduz mudanças que refletem uma compreensão mais atualizada do TEA, alinhando-se mais de perto com o DSM-5 em termos de critérios diagnósticos.
No CID-11, o autismo é categorizado sob "Transtornos do Espectro do Autismo" e reconhece a variabilidade nos níveis de suporte necessários. Essa mudança visa melhorar a precisão do diagnóstico e garantir que as intervenções sejam mais personalizadas e eficazes. A transição para o CID-11 também facilita a comparação internacional de dados de saúde, promovendo uma abordagem mais global na compreensão e apoio ao TEA.
Compreendendo as Necessidades Únicas
É importante lembrar que o autismo é um espectro, e cada pessoa é única. As necessidades de suporte podem variar significativamente, mesmo dentro dos mesmos níveis. A compreensão e o respeito pelas diferenças individuais são fundamentais para apoiar efetivamente as pessoas com TEA.
A conscientização sobre os diferentes níveis de suporte pode ajudar a sociedade a criar ambientes mais inclusivos e acolhedores, onde cada pessoa com autismo possa alcançar seu potencial máximo. É essencial que familiares, educadores e profissionais de saúde trabalhem juntos para desenvolver estratégias personalizadas que atendam às necessidades específicas de cada indivíduo.
Ao promover a inclusão e o entendimento, damos um passo importante em direção a uma sociedade mais justa e equitativa para todos.