Impulso para o crescimento de quase 2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, a agropecuária perdeu força e encolheu 0,9% entre os meses de abril e junho. O fraco desempenho no período é marcado pela menor produção de soja, o principal produto agrícola brasileiro.
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre. Com a diminuição do peso dessa cultura nos meses seguintes, ela afirma que aumenta a participação de outros grãos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do Brasil.
A economista Juliana Trece, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), segue essa linha. Ela recorda que 2023 é um ano marcado pela supersafra da soja, o que impulsionou o desempenho positivo da agropecuária nos primeiros meses.
"Até abril, mais de 90% da colheita de soja já ocorreu, e isso acabou influenciando muito o resultado do PIB no primeiro trimestre", explica Juliana ao avaliar a diminuição de peso do grão já no segundo trimestre.
Rebeca Palis acrescenta que a retração surge após o maior avanço da história do setor no primeiro trimestre (+21%) e se deve, justamente, à base de comparação elevada. “Se olharmos o indicador interanual, veremos que a agropecuária é a atividade que mais cresce", analisa a pesquisadora.
Na comparação em questão, a agropecuária disparou 17%, com a alta relacionada ao bom desempenho de alguns produtos específicos, como a soja, o milho, o algodão e o café. As estimativas da pecuária também contribuíram para o resultado.
"A desaceleração do consumo e o próprio preço das commodities também interferiram no desempenho do agronegócio, o que realmente chama bastante atenção", ressalta Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
fonte:R7