Secretaria da Saúde alerta sobre envenenamento por acidente com taturana





O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Saúde, alerta a população sobre envenenamento por acidente com taturana. A pessoa que entra em contato com o animal pode desenvolver um quadro hemorrágico grave.

Nesse caso, ela precisa receber o soro antilonômico (SALon) em até 12 horas após o início da intoxicação para obter os melhores resultados. A pasta registrou 685 casos relacionados ao fato nos últimos cinco anos, mas nenhum óbito decorrente desse tipo de envenenamento nos últimos 15 anos.

O Instituto Butantan é o único laboratório no mundo que produz o soro antilonômico, obtido a partir do plasma de cavalos imunizados. O Butantan desenvolveu o antídoto em 1994 e ele já é um imunobiológico aprovado e de utilização de rotina nos casos deste tipo de acidente.


Recentemente, um homem de 73 anos deu entrada no Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté, e precisou ser internado na UTI apresentando complicações decorrentes do contato com taturana. Ele ficou internado por 19 dias antes de evoluir para um quadro estável e receber alta hospitalar. Neste ano, ao menos 116 pessoas sofreram acidentes envolvendo este tipo de animal peçonhento no estado de São Paulo.


Segundo o doutor Gilson Ruivo, Coordenador Médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional do Vale do Paraíba (Taubaté/SP), é preciso tomar alguns cuidados para evitar esse tipo de acidente, especialmente “ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem ou em qualquer outro ambiente silvestre, observar bem o local, troncos, folhas e gravetos antes de manuseá-los, fazendo sempre o uso de luvas. Dependendo da lagarta, os sintomas podem tratados com medidas para alívio da dor, como compressas frias ou geladas. No caso de suspeita de acidente com taturana, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico (SALon)”.


Acidentes com lagartas são um problema de saúde pública, com 42 mil casos registrados todos os anos no país. A taturana é uma lagarta da espécie Lonomia obliqua, natural de países como Brasil, Uruguai e Argentina. Envolvendo apenas essa espécie, foram 42.264 acidentes entre 2007 e 2017, sendo 248 casos graves e cinco mortes.


Comparativamente, o número de casos no estado de São Paulo é baixo em relação ao resto do país, mas os números dos primeiros três meses de 2023 já representam mais de 70% do total do ano passado. Assim, é recomendado ficar em alerta em regiões arborizadas onde a taturana pode estar presente, especialmente nos meses entre novembro e abril, quando o animal aparece mais.


O envenenamento ocorre ao tocar as cerdas espinhosas que cobrem o corpo do animal. Os sintomas incluem lesões na pele semelhante à queimadura no local de contato, com dor, inchaço e bolhas na região. O indivíduo pode apresentar dor de cabeça, ansiedade, náusea, vômito e, menos frequentemente, dor abdominal, hipotermia e pressão baixa.


A gravidade da intoxicação pode ser leve, em que se trata apenas os sintomas, ou mais grave, em que se desenvolve quadro de hemorragia interna e exige soroterapia intravenosa. Em 12% dos casos, pode resultar em insuficiência renal aguda, principalmente em pessoas com mais de 45 anos.


O veneno da taturana afeta a coagulação do sangue e é especialmente perigoso para os idosos, ou se há contato com muitos animais ao mesmo tempo. Isso é comum, uma vez que as lagartas se agrupam nos troncos das árvores durante o dia, quando não estão se alimentando, ou quando ficam próximas do solo, ao se prepararem para virarem casulos, estágio anterior a se tornarem mariposas. Os casulos e mariposas não oferecem risco de contato para humanos.