A China anunciou nesta quarta-feira (7) um relaxamento geral das regras sanitárias anti-Covid-19 e abandonou a estratégia de medidas duras contra a disseminação do novo coronavírus que gerou uma onda histórica de protestos em todo o país.
O mal-estar pela política de "Covid zero" da China, que envolve bloqueios repentinos, testes contínuos e quarentenas mesmo para pessoas que não estão infectadas, levou a manifestações nunca antes vistas desde o movimento pró-democracia de 1989.
As autoridades tentaram reprimir os protestos, mas, ao mesmo tempo, começaram a responder às reivindicações, primeiro a nível local e agora a nível nacional.
As novas diretrizes apresentadas na quarta-feira pela CNS (Comissão Nacional de Saúde) do país asiático indicam que a magnitude e o alcance dos testes de PCR (quase rotineiros sob Covid zero) serão reduzidos.
Os bloqueios também serão minimizados e as pessoas com casos não graves de Covid poderão se isolar em casa — em vez de serem enviadas para instalações do governo.
Além disso, a população não deve apresentar código de saúde verde no celular para entrar em prédios e espaços públicos, exceto em "hospitais geriátricos, instituições médicas, creches e centros de ensino médio e superior”.
“Indivíduos infectados que são assintomáticos e casos leves que podem se isolar em casa geralmente se auto-isolarão em casa”, encerrando a exigência de quarentena em uma instalação do governo, afirmam as novas regras.
"Testes de PCR massivos serão realizados apenas em escolas, hospitais, asilos e unidades de trabalho de alto risco. O escopo e a frequência dos testes de PCR serão ainda mais reduzidos", acrescentaram as autoridades.
Além disso, “as pessoas que viajam entre províncias não devem apresentar o resultado do teste nas 48 horas anteriores e não precisam fazer o teste à chegada”.
A China também vai acelerar a vacinação da população idosa, há muito tempo vista como um dos principais obstáculos ao relaxamento da política de "Covid zero".
As manifestações contra essa política restritiva da Covid, implementada pelo Partido Comunista, eclodiram em todo o país no fim do mês passado. Alguns pediram mais liberdades políticas e até mesmo a renúncia do presidente Xi Jinping.
Desde então, várias cidades chinesas reverteram algumas das restrições mais rígidas e que irritavam os moradores.
A capital, Pequim, com muitos negócios já totalmente reabertos, disse nesta semana que os cidadãos não deveriam mais apresentar teste negativo nas últimas 48 horas para usar os transportes públicos.
Xangai, que sofreu um rígido bloqueio de dois meses neste ano, anunciou medidas semelhantes e permitirá que seus moradores entrem em locais abertos, como parques e atrações turísticas, sem apresentar um teste recente.
Mesmo a mídia controlada pelo estado, antes repleta de notícias sombrias sobre os perigos do vírus e a destruição causada em outros países, diminuiu drasticamente o tom das reportagens para minimizar os riscos de infecção.
Predominante, a variante Ômicron "não é nada parecida com a variante Delta, do ano passado", disse o professor de medicina Chong Yutian em um artigo publicado pelo Diário da Juventude da China, que pertence ao Partido Comunista.
“Após a infecção com a variante Ômicron, a grande maioria terá sintomas leves ou nenhum, e muito poucos desenvolverão sintomas graves”, disse.
Mas analistas da empresa japonesa Nomura estimaram, na última segunda-feira (5), que 53 cidades da China, com um terço da população nacional, ainda mantêm restrições.
O anúncio desta quarta-feira veio horas depois de o governo divulgar novos números que mostram o forte impacto econômico da política de "Covid zero".
As importações e exportações chinesas caíram em novembro para níveis não vistos desde o início de 2020, quando a pandemia paralisou o país.
As importações caíram 10,6% em relação ao ano anterior até novembro, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas. As exportações recuaram 8,7% no mesmo período.
Fonte:R7