Brasileiro que atacou Cristina Kirchner se cala diante de juíza

 



O brasileiro acusado de tentativa de assassinato contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recusou-se a depor nesta sexta-feira (2) ao ser interrogado pela juíza e pelo procurador do caso, segundo confirmaram fontes policiais à Agência Efe.

O detido pela tentativa de homicídio da vice-presidente, Fernando Andrés Sabag Montiel, recusou-se a falar perante a juíza federal María Eugenia Capuchetti e o procurador Carlos Rívolo, encarregado da investigação.

Montiel foi preso na noite de quinta-feira depois de apontar uma arma para a vice-presidente e puxar o gatilho, sem que o tiro fosse disparado, no momento em que Cristina voltava ao seu apartamento e cumprimentava seus apoiadores que, desde 22 de agosto, instalaram um vigília em sua casa.

O detido é um homem de 35 anos de nacionalidade brasileira, enquanto a arma apreendida é uma Bersa automática calibre 32, que, em sua base, possui a numeração parcial 250, apta para o disparo, de acordo com o Ministério da Segurança da Argentina.

A magistrada da Vara Criminal e Correcional Federal 5 esteve na residência de Cristina pela manhã e permaneceu no local por aproximadamente 1 hora, depois de ter vistoriado a área nas primeiras horas do dia.

Antes de ir à casa da ex-presidente, a juíza e os procuradores responsáveis ​​pelo caso também colheram depoimentos das testemunhas do atentado.

O ataque a Cristina ocorreu em um contexto de forte tensão política entre o governo e a oposição na Argentina, que se acentuou desde que na segunda-feira da semana passada um procurador pediu uma pena de 12 anos de prisão para a vice-presidente por supostas irregularidades na concessão de obras públicas durante o seu governo. 

Ódio midiático

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, liderou uma reunião ontem na sede do Executivo com governadores, representantes sindicais, lideranças sociais, empresariais e de direitos humanos, na qual alertou que o "discurso de ódio midiático" deve acabar, após o ataque contra a vice-presidente Cristina Kirchner.

"Cristina é alvo de perseguição há muitos anos, por isso não podemos continuar a assistir com complacência como ela é estigmatizada e desqualificada", disse o presidente, que convocou representantes de vários setores à sede do Executivo para "construir um amplo consenso contra o discurso de ódio e a violência” após a tentativa de assassinato da vice-presidente.

“É necessário alertar que devemos acabar com o discurso de ódio da mídia, porque as coisas que são ditas são muito impressionantes”, acrescentou, segundo o comunicado da presidência argentina.

“Todos nós que estamos aqui fazemos parte da comunidade democrática e, portanto, a primeira coisa que temos a fazer é dizer basta de tornar habitual o que não deveria ser habitual; tolerar o que não devemos conviver, porque a democracia exige que respeitemos o outro”, salientou o presidente nesta sexta-feira.

“Celebro que a comunidade argentina está enchendo as praças hoje, reivindicando convivência, respeito, democracia e comemorando que Cristina está bem”, declarou Fernández, enquanto manifestações massivas aconteciam em várias cidades do país e na capital para condenar o ataque contra a vice-presidente.

O presidente argentino também destacou os "pontos comuns" expressos durante a reunião, que têm a ver com "colocar em prática um pacto democrático onde a violência é excluída, o discurso de ódio é eliminado e o respeito é um valor", segundo o comunicado.

No final da reunião, alguns dos participantes e parte do gabinete nacional deslocaram-se para a Praça de Maio, onde foi lido o documento de encerramento da marcha.

Atentado contra Cristina Kirchner

O atentado aconteceu ontem, em frente à casa de Cristina, no bairro Recoleta, em Buenos Aires. Em meio a uma multidão que cumprimentava a vice-presidente do lado de fora da residência, um homem apontou uma pistola para o rosto dela, mas não houve disparo — a arma teria falhado, segundo a polícia.

Autoridades argentinas identificaram esse homem, que foi preso, como o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos. Nascido em São Paulo, filho de uma argentina e um chileno, ele tem residência na Argentina desde a década de 1990 e já tinha antecedente criminal por portar armas não convencionais.

Fonte:R7