O material escolar passou a dividir espaço com os aparelhos de celular nos últimos anos. Em 2019, os tradicionais smartphones estavam presentes na rotina de 86,7% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental 2, valor 13 pontos percentuais acima do apurado em 2009, quando os aparelhos eram utilizados por 73,7% dos alunos.
Os dados, apresentados nesta quarta-feira (13) pela PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram um aumento maior no percentual de estudantes da rede pública que possuem celular no intervalo de uma década (de 69,4% para 83,4%). Nas escolas particulares, o aumento foi menor, de 89,9% para 95%.
No estado de São Paulo, o uso de telefones celulares nas salas de aula para “finalidades pedagógicas” foi permitido em 2017 após a sanção de alterações na lei que proibia o uso dos equipamentos dentro dos estabelecimentos de ensino, independentemente de como ele seria utilizado.
A presença cada vez mais maior dos smartphones na vida dos estudantes vem acompanhada de uma queda do uso do computador para navegação na internet. Após crescer na passagem de 2009 para 2015 (de 63,6% para 80,7%), o acesso aos equipamentos desabou para 66% em 2019.
"É importante salientar que a questão sobre ter computador em casa sofreu modificações ao longo das edições, o que pode explicar em parte as oscilações percentuais na década", afirma o IBGE ao analisar os resultados.
O estudo também investigou a presença da internet na casa dos adolescentes. Nos últimos anos, a presença online dos jovens com idade entre 9 e 17 anos cresceu de 79% para 89% entre 2015 e 2019. Dos indivíduos entre 10 e 17 anos, 94% eram usuários de internet no período da análise.
De acordo com os dados da Pnad Contínua 2019 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a internet era utilizada em 82,7% dos lares brasileiros em 2019, alta de 3,6 pontos percentuais na comparação com 2019.
A discrepância no acesso, no entanto, é evidente ao observar que 98,4% dos estudantes da rede privada utilizaram a internet em 2019, enquanto o percentual entre os alunos da rede pública de ensino foi de 83,7%.
"Com a pandemia de Covid-19, essa desigualdade de acesso tornou-se mais evidente, com o crescimento no uso da internet para a realização de atividades educacionais remotamente", analisa o IBGE.