O surgimento de outra variante do coronavírus pode ser a causa do crescimento de casos de Covid-19 na Índia, a BA.2.75. Na última semana, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), afirmou que a entidade estava rastreando a nova cepa, que circula há mais de um mês no país asiático.
O registro de casos de doentes com o novo agente infeccioso nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Japão e Reino Unido faz com que os cientistas, incluindo o CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos), acreditem que esse vírus seja mais transmissível que as variantes e subvariantes detectadas até agora.
A BA.2.75 foi identificada pela primeira vez na Índia, e os pesquisadores estão classificando a variante de "segunda geração", já que ela se desenvolveu a partir da subvariante BA.2 da Ômicron.
Essa nova cepa tem oito mutações de proteína Spike – partícula do Sars-CoV-2 que ajuda o vírus a entrar na célula humana – adicionais em comparação com a BA.2, sua cepa de origem.
Tom Peacock, virologista do Departamento de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres, publicou no Twitter que "nenhuma dessas mutações individualmente realmente sinaliza [situação] como preocupante, mas todas aparecendo juntas, de uma só vez, é outra questão".
A localização das mutações também tem preocupado os cientistas, porque pode indicar que a BA.2.75 é capaz de escapar da imunidade imposta pela infecção com a BA.2. Em outras palavras, alguém que pegou Ômicron BA.2 pode ser reinfectado por Covid-19 se entrar em contato com o novo vírus.
Os números globais de casos são baixos até agora, o que dificulta a coleta de informações sólidas sobre o sequenciamento do vírus. Por isso, os especialistas ainda não conseguem concluir muitas coisas, mas o fato de a BA.2.75 ter se espalhado em pelo menos três regiões da Índia parece ser outro indicador da capacidade da variante de escapar da imunidade.
Na Índia, a nova subvariante já compunha 23% das amostras de Covid-19 sequenciadas no início de julho pela Gisaid, uma iniciativa científica global com sede em Munique que oferece acesso aberto a dados genômicos do coronavírus e da influenza.
Por enquanto, a subvariante da Ômicron BA.5 é a responsável pela maioria dos casos no mundo, e ainda não se sabe se o novo vírus conseguirá mudar esse quadro.
"Vale a pena dizer que é perfeitamente possível que o crescimento de casos na Índia esteja acontecendo em um contexto de BA.2 [subvariante da Ômicron predominante no país] e que atinja a parede invasora de BA.5 e fique parado... Veremos", escreveu Peacock, o virologista da universidade do Reino Unido, na rede social.
No Brasil, o trabalho de sequenciamento genético feito pela Rede Genômica da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) constatou na última semana que as linhagens BA.4 e BA.5 seguem ganhando espaço no país na segunda quinzena de junho e seriam a causa do aumento do número de casos.
Fonte:R7