OMS: 129 milhões de pessoas no mundo desenvolveram depressão ou ansiedade em um ano

 



O Relatório Mundial de Saúde Mental de 2022, divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta sexta-feira (17), traz dados alarmantes sobre a piora dos transtornos mentais em todo o mundo, com aumento superior a 25% dos novos casos de depressão e ansiedade.

A edição deste ano é, segundo a OMS, "a maior revisão da saúde mental mundial desde a virada do século".

Apenas no primeiro ano da pandemia de Covid-19, 53 milhões de pessoas desenvolveram depressão, outros 76 milhões tiveram ansiedade – totalizando 129 milhões e altas de 28% e 26% da incidência, respectivamente.

Em 2019, a OMS já estimava que quase 1 bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, sendo que a ansiedade representava 31% deste total e a depressão, 28,9%.

Os países mais atingidos pela pandemia foram aqueles que mais tiveram aumento na prevalência dos dois transtornos, sendo mais frequente em mulheres.

"Provavelmente porque as mulheres eram mais propensas a serem afetadas pelas consequências sociais e econômicas da pandemia", explica a organização.

A entidade alerta ainda para o fato de que 14% dos adolescentes no mundo sofrem de algum transtorno mental.

Neste contexto, o estudo sublinha o abuso sexual infantil e o bullying como as principais causas de depressão.

A pandemia também teve um efeito negativo neste aspecto, salienta o relatório.

"Globalmente também houve uma mudança maior na prevalência entre grupos etários mais jovens do que os mais velhos, potencialmente refletindo o profundo impacto do fechamento de escolas e restrições sociais na saúde mental dos jovens".

O relatório chama atenção para os prejuízos individuais, sociais e econômicos causados pelas doenças mentais, que são a principal causa de incapacidade no planeta.

Em cada seis anos vividos com transtorno mental, estima-se que um indivíduo fique incapacitado por, em média, um ano.

"No geral, as consequências econômicas das condições de saúde mental são enormes. As perdas de produtividade e outros custos indiretos para a sociedade muitas vezes superam em muito os custos de saúde. Economicamente, a esquizofrenia é o transtorno mental mais caro por pessoa para a sociedade. Os transtornos depressivos e de ansiedade são muito menos onerosos por pessoa; mas eles são mais prevalentes e, portanto, contribuem principalmente para os custos nacionais gerais", observam os autores do documento.

Acesso a serviços de saúde especializados

A principal cobrança da OMS aos países-membros é para que fortaleçam os serviços de atendimento especializado em saúde mental.

"Mesmo antes da pandemia de Covid-19, apenas uma pequena fração das pessoas necessitadas tinha acesso a cuidados de saúde mental eficazes, acessíveis e de qualidade", reforça a entidade. 

A estimativa é que até mesmo em países de alta renda, apenas um terço das pessoas com depressão recebam atendimento psiquiátrico profissional.

O suporte minimamente adequado para a doença é estimado entre 23% (países ricos) e apenas 3% em países de renda média e pobres.

"Vários fatores impedem as pessoas de procurar ajuda para condições de saúde mental, incluindo má qualidade de serviços, baixos níveis de alfabetização em saúde em saúde, estigma e discriminação. Em muitos locais, não existem serviços formais de saúde mental. Mesmo quando estão disponíveis, muitas vezes são inacessíveis ou inacessíveis. As pessoas costumam escolher sofrer sofrimento mental sem alívio, em vez de arriscar a discriminação e ostracismo que vêm com o acesso a serviços de saúde mental", aponta o documento.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou em comunicado que os benefícios de dar o direcionamento adequado às políticas públicas de saúde mental são para toda a sociedade.

"Os vínculos inextricáveis ​​entre saúde mental e saúde pública, direitos humanos e desenvolvimento socioeconômico significam que a transformação de políticas e práticas em saúde mental pode trazer benefícios reais e substantivos para indivíduos, comunidades e países em todos os lugares. O investimento em saúde mental é um investimento em uma vida e um futuro melhores para todos."

Fonte:R7