Polícia encontra mil búfalos vítimas de maus-tratos e abandonados numa fazenda no interior de SP

 



Mais de mil búfalos foram encontrados em situação de maus-tratos numa grande propriedade rural de Brotas, no interior de São Paulo. Os animais estavam sem água, comida, em valas e áreas de brejo. Segundo a polícia ambiental, aparentemente, a manada foi deixada para morrer com o objetivo de que futuramente a área se torne uma plantação de soja.

O fazendeiro responsável pelos bovinos chegou a ser multado em mais de R$ 2 milhões e preso, mas após pagar fiança de R$ 10 mil, foi solto. Ele é um psicanalista e atua na capital paulista. Os agentes policiais investigam para entender por que os animais foram abandonados, e não vendidos, já que são valiosos.


Ativistas ambientais entraram na Justiça pela tutela dos animais e para garantir um resgate e um manejo seguro. O caso foi descoberto no início deste mês.

“Tinha animal agonizando dentro de valas, animal de ponta cabeça no riacho, atolado, bebê e mãe mortos um ao lado do outro. Nunca vi uma coisa dessa, nessa quantidade. Eu não consegui entender, ainda, porque ele (o proprietário) não encaminhou esses animais para algum lugar de proteção”, conta Patrícia Varela da ONG Santuário Vale da Rainha.

Com a soltura, o fazendeiro começou a travar uma disputa com os ativistas pela tutela dos búfalos e a situação chegou a um ponto de tensão neste sábado (20/11). Ele retornou para a propriedade e ordenou, embasado numa decisão liminar da Justiça, que parte dos voluntários deixassem a fazenda.

Mobilização
Nas últimas duas semanas, diversos grupos, coletivos e organizações não governamentais (ONGs) que atuam na causa animal enviaram representantes a Brotas a fim de auxiliar no cuidado dos animais. Um hospital de campanha improvisado chegou a ser implementado dentro da fazenda para tentar manter viva a maioria dos búfalos.

Uma manifestação na cidade está programada para as 18h deste sábado. O caso repercute nas redes sociais e mobiliza campanha coletiva para financiamento do tratamento dos búfalos. Apenas um grupo de 10 pessoas está autorizado a permanecer no interior da fazenda, o que é insuficiente diante da quantidade de animais.

Tutela provisória
O caso foi descoberto pelo ativista Alex Parente, que atua na ONG Amor e Respeito Animal (ARA). Com a ajuda técnica de advogadas e veterinários, ele começou a agir, levou o caso à polícia e obteve decisão favorável pela tutela provisória dos búfalos.

Até este sábado, ele vinha sendo o responsável pelos animais, apesar do tempo limitado, e pretendia reivindicar a tutela permanente para levar os búfalos para lugares de proteção e apoio. Uma nova decisão da Justiça, no entanto, retirou a tutela de Alex e repassou, novamente, ao proprietário da fazenda.

Os voluntários estão preocupados com a situação, pois a volta do dono não garante que os animais receberão o cuidado devido, pelo contrário. Segundo eles, se não houver um reparo da decisão e a retirada imediata dos búfalos do local, muitos morrerão de fome, sede e desnutrição.

A maioria dos animais é composta por búfalas. Uma análise preliminar feita pelos veterinários constatou que boa parte delas está prenha. Potencialmente, trata-se de um rebanho que pode chegar a 2 mil búfalos, futuramente.