O governo de São Paulo classificou, nesta quarta-feira (3), todo o estado na fase vermelha por 14 dias para conter a alta de casos e mortes por covid-19 que afeta todo o país. O anúncio foi feito na coletiva de imprensa que reúne membros do governo e do Centro de Contingenciamento da Covid-19, no Palácio dos Bandeirantes. "Em São Paulo e no Brasil, estamos à beira de um colapso na saúde. Isso exige medidas urgentes", afirmou João Doria (PSDB). A medida começa a valer a partir da 0h do sábado (6) até 19 de março.
"Vamos enfrentar as duas piores semanas da pandemia desde o primeiro caso na pandemia no Brasil", disse Doria. "É a pior crise de saúde dos últimos cem anos. Há 41 dias, o Brasil tem mais de mil mortes por dia. Como se cinco aviões caíssem por dia matando todos os seus ocupantes. Isso é uma tragédia que pode ser ainda pior. Não podemos banalizar a morte. Um paciente de covid-19 é internado a cada dois minutos."
"Hoje é o dia mais difícil que já enfrentei desde o início da pandemia pelo diagnótico da situação e pelas medidas a serem tomadas", afirmou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingenciamento da Covid-19. "Infelizmente não temos essa coordenação para o país como um todo, mas em São Paulo enfrentamos e colaboramos com o governador." Menezes afirmou que se tratam de medidas duras, mas essenciais para reduzir a transmissão do vírus.
O coordenador executivo do órgão, João Gabbardo, afirmou que não existe outra forma de reduzir o contágio se não com as medidas restritivas. "Hoje, o país tem o dobro de leitos de UTI comparando com o início da pandemia. Mesmo tendo dobrado, os estados apresentam cerca de 80 pessoas na fila para internar." Nesta quarta-feira, o estado registra a taxa de ocupação de leitos de UTI de 75,3%. Nas duas últimas semanas, foram 93 pacientes internados.
Nesta fase, funcionam somente os serviços considerados essenciais, como farmácias, supermercados e padarias, açougues, postos de combustíveis, lavanderias, meios de transportes, oficinas de veículos, atividades religiosas, hoteis, pousadas, bancos, pet shops e serviços de entrega.
O atendimento presencial em restaurantes, comércios e lanchonetes fica proibido, mas os serviços de entrega podem funcionar normalmente. Shopping centers, academias, salões de beleza e barbearias também não podem abrir. Eventos, convenções e atividades culturais presenciais estão proibidas.
O estado chegou a adotar medidas de restrições como toque de restrição para impedir o funcionamento de festas e eventos a partir das 23h. Além disso, a fase vermelha também já havia sido adotada para conter a disseminação do vírus das 22h às 6h. Apesar das medidas, os números de internações continuaram a crescer e hoje diversos municípios do interior, como Araraquara e Mogi Guaçu, adotaram medidas de lockdown mais rídigas.
A Grande São Paulo estava classificada na fase laranja do plano de flexibilização econômica. Mesmo com as proibições no funcionamento de bares e restrições para restaurantes, membros do Centro de Contingenciamento avaliaram que a situação do estado e de todo o país era crítica. O estado apresentou, na 9ª semana epidemiológica, 14,7% a mais de internações por covid-19 do que o registrado no pico da primeira onda da doença, em julho do ano passado.
O tempo que os pacientes passam nas Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também aumentou e passou do intervalo de sete a 10 dias de permanência nos leitos para 14 dias de internação. Em relação ao número de casos, houve um aumento de 9,7% comparado à semana epidemiológica anterior.
Na sexta-feira (26), foi registrado 13% de elevação no número de novas internações. Nesta segunda-feira, o aumento de novas internações tanto de enfermaria quanto de UTIs foi de 18,3%. "Temos que parar a velocidade e a instalação da pandemia. Imploramos, já não pedimos, que a população colabore", disse o secretário.
O coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, afirmou que o momento que o país vive em meio a segunda onda da doença é crítico. "O país inteiro está colapsando, então, não é mais possível que as medidas fiquem na responsabilidade apenas dos gestores estaduais, governadores e prefeitos. É impossível que a gente fique nessa pandemia sem uma unificação de conduta, do que pode e o que não pode", diz.
"O Ministério da Saúde tem de assumir as responsabilidades desse processo, deve dizer a partir de agora que está proibido qualquer tipo de aglomeração e evento, o toque de recolher a partir das 20h em todo o país, o fechamento das praias por um determinado período, o reconhecimento de um estado de emergência e um Plano Nacional de Comunicação. Isso é fundamental para que tenhamos algum resultado daqui para frente."
Fonte:R7