Apeoesp considera que não há condições de retomada das aulas






Com 35% da capacidade máxima de alunos e um sistema híbrido de ensino, as escolas do estado de São Paulo devem voltar a funcionar no dia 8 de setembro, conforme anunciado hoje pelo governador João Doria(PSDB). A medida será válida para escolas públicas e privadas e contemplará todas as etapas de ensino: educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior. No entanto, diferentes setores da educação criticaram a intenção do governo de reabrir as escolas, tendo em vista a ainda crescente contaminação pela covid-19 no estado.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP (Apeoesp), por exemplo, não descarta a possibilidade de greve pelos professores da rede estadual de ensino após o anúncio. Além da Apeoesp(Sindicato dos Professores do Ensino Oficial no Estado de SP), CPP (Centro do Professorado Paulista), UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas) e Fepesp(Federação dos Professores do Estado de SP) assinaram nota pública criticando a reabertura, considerada precipitada.

No momento em que nosso país se aproxima das 50 mil mortes por covid-19, sendo o estado de são Paulo o epicentro da pandemia no Brasil, é de uma inaceitável irresponsabilidade e precipitação debater a volta às aulas presenciais", diz a nota.
Com o anúncio do governo, o país entra no rol das nações que estão sendo criticadas por um retorno prematuro às aulas presenciais, sob a alegação principalmente por parte de pais de alunos de que não há segurança epidemiológica para os estudantes e que há possibilidades de uma segunda onda de contágio no país.
Veja como outros países estão lidando com a reabertura e as críticas que estão recebendo:


Itália

O país que liderou por tempo considerável os índices de mortes e casos na pandemia optou por uma retomada mais lenta, quando comparado a outros europeus e ao Brasil. As aulas presenciais também devem voltar em setembro, mas o estágio de contaminação da pandemia é diferente do nosso.
O assunto foi discutido no Parlamento do país, que aprovou um decreto-lei que disciplina as regras que devem ser seguidas. Entre as orientações, máscaras para todos com mais de seis anos e distância de ao menos um metro entre os alunos. Exames finais serão simplificados, tanto nas séries iniciais como nas secundárias.

Inglaterra

As escolas do ensino básico começaram a retomar suas atividades presenciais no dia 1º de junho, com relutância dos pais e das próprias escolas. Apenas crianças de 4 a 6 anos e de 10 a 11 anos passaram a ir às unidades, tendo de respeitar um distanciamento de 2 metros. Governos de condados e municípios chegaram a ensaiar desobedecer à reabertura.
Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que compõem o Reino Unido, optaram por reabrir em outro momento. O grupo de países registra mais de 43 mil mortes, terceiro maior número de vítimas no mundo.

França

O país tem sido um dos mais criticados dentro do continente europeu pela falta de cautela em relação ao retorno das aulas. As aulas presenciais passaram a ser obrigatórias no último dia 22. Durante a pandemia, escolas puderam retornar voluntariamente às aulas, sem exigir a presença dos alunos; todavia, houve uma série de instituições fechadas após surtos esporádicos da covid-19.
Entre ontem e hoje, Paris fechou duas escolas recém-abertas em função da confirmação de casos do coronavírus. Segundo os últimos números oficiais, 29.720 pessoas morreram na França pelo novo coronavírus.


Coreia do Sul

Tratada como referência no combate à pandemia, principalmente por causa da volumosa testagem de seus cidadãos, a Coreia do Sul concluiu no último dia 8 a última fase da reabertura gradual das escolas. Mesmo com as políticas públicas eficientes, o retorno às aulas gerou críticas de muitos pais, especialmente na região da capital, onde residem cerca de 26 milhões de pessoas e que concentra 90% dos novos casos diários.
Desde a reabertura, foram constatados ao menos seis alunos e quatro professores ou funcionários contaminados pela covid-19. As escolas que registram casos são fechadas por alguns dias até que todos os que frequentem o local sejam testados.


Estados Unidos

Na liderança de número de casos e mortes no mundo e uma resposta considerada tardia aos efeitos da pandemia, os Estados Unidos não têm ainda um plano consensual para retomada das aulas. Parte considerável dos estados, como Nova York, decidiu encerrar o ano letivo (que lá acaba em junho). Para reabertura, cada estado tem se programado de forma distinta. Modelos híbridos são estudados.
O estado de Illinois, por exemplo, deve reabrir para o início das aulas no outono local (setembro) com a obrigatoriedade do uso de máscaras. No Novo México também há intenção de reabrir em setembro, com testagem diária dos funcionários das escolas. O processo de reabertura tem sido criticado pela imprensa e por setores educacionais por conta da escalada da pandemia no país.
Fonte: UOL